sábado, 27 de junho de 2009

Poetaprosando

Distância é uma forma obscura, até mesmo traiçoeira de administrar uma relação.

Distância é prova inconteste da impotência dos distanciados.

Distância é o congelamento do que se viveu na junção.

Distância tem nuance de nunca mais, talvez, quem sabe, senão...

Distância é sentimento abafado, desejo castrado, é um leve traço de união.

Distância também se dá na aproximação. É a pior forma de distância em questão.

Distância na aproximação tem requintes de crueldade, indícios de infidelidade, falta de concentração; é movida pelo imediatismo, recheada de solidão.

Distância na aproximação é o camuflar de uma rejeição.

Distância, no entanto, quando bem dosada, equitativamente partilhada, é investimento, é fator de tesão, é questão de novo encontro, é suspense que faz ao coração.

Distância está no espaço físico, na carta geográfica, na junção, no até breve, no adeus, no silêncio, na solidão, na crença, na descrença, com todo ser humano, no coração.

Distância é um misto de ruptura e de gestação.

Maria Auxiliadora Silva de Araujo

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